Novembro 25, 2024

Estranheza espacial: a manipulação da geografia por Israel

Jaffa map

Os mapas não são neutros. Em vez de representar a realidade, eles a moldam.

Nos contextos coloniais, refletem estruturas de poder pela manipulação do espaço geográfico e da produção de conhecimento.

O movimento sionista, e a consequente colonização da Palestina, sempre investiu na mudança da cartografia da Palestina para servir sua narrativa bíblica e legitimação da soberania.

Quando as potências coloniais nomeiam um território, mostram que têm poder e controle sobre ele.

Desde o Mandato Britânico, os palestinos foram excluídos de representar seu próprio espaço, enquanto uma narrativa bíblica assumia o mapeamento da Palestina.

Cartógrafos, geógrafos e urbanistas sionistas (mais tarde israelenses) começaram a mudar muitos dos nomes de cidades, ruas e regiões da Palestina.

A “hebraização” da geografia foi um componente essencial no apagamento da história local para criar um sentimento de unidade para os colonos judeus, em sua maioria europeus e americanos, e para construir uma nova identidade nacional.

A mesma lógica se aplicava ao plantio de árvores pelo Fundo Nacional Judaico, com o intuito de apagar o espaço e a memória das aldeias palestinas etnicamente limpas.

O idioma hebraico foi designado como o único meio de compreender a paisagem palestina.

Até hoje, nos mapas mais utilizados, o regime israelense substituiu a maioria dos nomes árabes de cidades e regiões por outros nomes antigos ou bíblicos. Alguns exemplos:

Al Quds – Jerusalém

Ariha – Jericó

Al Khalil – Hebrom

Naqab – Negueve

O apagamento dos nomes árabes resultou no fato de muitos palestinos não saberem o nome dos locais onde moram ou frequentam antes da invasão colonial.

Isso é reforçado por tecnologias GPS, como Google e Waze, e outras aplicações de mapeamento ocidentais, que escondem o interesse político e econômico em sua representação da realidade.

No Google Maps, a Palestina não é mencionada, e só se pode ver uma linha pontilhada ao longo da Linha Verde (linha do Armistício de 1949) não refletindo nenhuma realidade geográfica, na maioria das vezes sugerindo opções de rota incorretas ou deixando lugares habitados por palestinos em branco, como se fosse uma terra fantasma.

Na Cisjordânia, os colonatos israelenses ilegais são sinalizados e representados de forma muito clara, enquanto as aldeias palestinas não são refletidas pelos sinais de trânsito israelenses.

Os palestinos começaram a recuperar os seus mapas como meio de resistência. O contramapeamento é uma prática que contribui para o processo de reapropriação do conhecimento da Palestina.

Desde All That Remains, de Walid Khalidi, al Atlas de Palestina de Salman Abu Sitta, pasando por Visualizing Palestine y Studio-X Amman Palestine Open Maps, de la Universidad de Columbia, hasta el navegador Doorob, los palestinos siguen luchando por recuperar la propiedad de sus tierras.

De All That Remains de Walid Khalidi, ao Atlas of Palestine de Salman Abu Sitta, Visualizing Palestine e Studio-X Amman Palestine Open Maps da Universidade de Columbia e ao navegador Doorob, os palestinos continuam lutando para reaver a propriedade de suas terras.