O mito de que “Israel tem o direito de se defender” é constantemente utilizado pelo regime e por seus apoiadores internacionais.
Esta declaração tem sido usada pela propaganda de Israel nas últimas décadas como uma ferramenta retórica fundamental para justificar suas agressões.
É um disco quebrado que se repete constantemente na comunicação do regime israelense e nas declarações diplomáticas ocidentais.
Exatamente porque Israel é o ocupante, que anexou e colonizou ilegalmente um território que priva os palestinos do seu direito à autodeterminação, não pode reivindicar a autodefesa como justificativa legal para o uso da força.
Pelo contrário, Israel é responsável pela longa ocupação, pela expansão colonial dos colonos e pelo crime de apartheid que inflige aos palestinos.
Israel costuma reivindicar o direito de impedir a invasão “estrangeira” em seu “território soberano”, por exemplo, Gaza.
No entanto, Israel se dá autoridade para invadir e controlar totalmente os territórios sempre que quiser, manipulando conceitos de direito internacional para encobrir a dominação colonial.
Em 2018, os habitantes de Gaza iniciaram manifestações pacíficas regulares chamadas “Grande Marcha do Retorno”. Milhares de palestinos marcharam perto da fronteira para exigir o fim do bloqueio ilegal e seu direito de retornar às suas casas destruídas ou roubadas em 1948.
As forças de ocupação israelenses responderam com gás lacrimogêneo e munições reais, deixando dezenas de feridos e mortos.
Israel mata crianças, arruína a casa das pessoas, bombardeia hospitais e linhas de eletricidade, expropria terras, coloca crianças na prisão, saqueia lares das pessoas à noite, destrói escolas, vigia e tortura… tudo em nome da “autodefesa”.
Toda guerra de agressão é justificada hoje em dia como autodefesa contra “ameaças”: desde as invasões norte-americanas ao Afeganistão e ao Iraque até as invasões russas à Chechênia e à Ucrânia, e só causaram crimes de guerra, devastação, morte em massa, ausência de liberdade e direitos, além de corroer a credibilidade no direito internacional e na ONU.
Esta retórica da “autodefesa” e mitos de relações públicas visam:
- desumanizar o povo, baratear nossa morte, nossa desapropriação e nosso trauma;
- comparar uma potência militar nuclear que exerce controle colonial com uma população cativa sem representação política, sem exército, sem economia livre, sem recursos naturais
- inverter papéis entre opressor e oprimido;
- facilitar a continuidade das ações em total impunidade.