O que fazendas e armas têm em comum?
Vamos dar uma olhada em como Israel desenvolveu um complexo agromilitar, exportando tecnologia militar através de uma falsa preocupação com o ambiente no sul global.
Israel desenvolveu um setor agrícola tecnologicamente avançado graças ao seu militarismo.
A agricultura de Israel depende fortemente da ocupação militar do território palestino, especialmente o Vale do Jordão, com o saqueio de terras e recursos naturais dos palestinos e a exploração da força de trabalho palestina.
A formação dos recursos humanos israelenses e o desenvolvimento de tecnologia avançada derivam do conhecimento tecnológico militar e dos serviços secretos, testado e utilizado contra palestinos cativos, antes de ser destacado para setores “civis”, como a agricultura, e vendido em todo o mundo.
Por exemplo, a plataforma NetBeatTM da empresa israelense de irrigação Netafim foi desenvolvida em colaboração com uma subsidiária da Rafael Advanced Defense Systems, a empresa militar estatal israelense.
O regime do apartheid ampliou sua agenda diplomática e econômica com base no setor agrotecnológico, cujas empresas são frequentemente gerenciadas por ex-oficiais de alto nível da defesa e dos serviços secretos.
Os países africanos estão entre os principais alvos dos projetos agrotecnológicos israelenses, mas também se estendem da América do Sul ao sudoeste do Pacífico.
A venda de equipamentos militares e sistemas de segurança israelenses frequentemente se sobrepõe à venda das suas tecnologias agrícolas.
Por exemplo, após a guerra civil em Angola (início de 2000), os comerciantes de armas israelenses mudaram o seu modelo de negócio e contrataram as empresas israelenses TerraVerde e Green 2000 para projetos agrícolas multimilionários.
Estes são alguns dos principais países em que Israel expande o seu complexo agromilitar.
Angola
Azerbaijão
Índia
Vietnã
Filipinas
Papua-Nova Guiné
Sudão do Sul
Colômbia
Qual é o modelo desses projetos completos?
Projetos agrícolas multimilionários são apresentados por empresas israelenses a políticos de alto nível de um país rico em recursos naturais, vendendo o modelo de aldeia-fazenda “moshav”, usado historicamente pelo movimento sionista para colonizar a Palestina
A empresa israelense oferece um pacote financeiro por meio de um empréstimo segurado de bancos israelenses ou europeus por meio da subsidiária offshore de uma empresa.
O governo cliente garante o empréstimo com a venda de recursos, como petróleo ou gás. Também fazem concessões de terras, o que muitas vezes resulta na retirada e no despejo de comunidades locais. Empresas e consultores israelenses são contratados.
Uma vez que o projeto é entregue e entra em vigor, o governo cliente fica endividado e dependente de fluxos contínuos de dinheiro sem sustentabilidade. Um modelo que incentiva a corrupção em alguns casos
Esses projetos internacionais não se baseiam na agricultura coletiva, mas, sim, no agronegócio com uso intenso de capital.
As comunidades locais são mais frequentemente excluídas da tomada de decisão e dependem da importação de tecnologias israelenses, como estufas, irrigação e sementes híbridas.
Como pode ser visto em Angola, os aldeões que participam são como mão de obra barata para a empresa. Eles precisam pagar à empresa pela utilização das casas, pela infraestrutura, pelos pequenos terrenos e pelos elementos de produção que lhes são fornecidos.
Tudo o que produzem vai para a empresa e, em troca, os aldeões recebem muito pouco, pois precisam pagar suas dívidas. Juntamente com outras corporações transnacionais do ramo, as empresas israelenses do agronegócio contribuem para um modelo global em grande parte responsável pela crise climática, alimentar e de pobreza.
Recursos úteis